terça-feira, 23 de novembro de 2010

A ÓRFÃ

Terror à moda antiga
 
Sou um amante do terror, e me sinto órfão ( HÁ! ) atualmente. O terror hoje perdeu o sentido, os diretores não se preocupam mais com o medo, os filmes não possuem mais aquele ar sinistro, nem aquela tensão que nos faz arrepiar os pêlos do bozó. Hoje pra se fazer terror é só encher a tela com cenas de mutilações e nojentices diversas. Não sou contra esse tipo de produção, pelo contrário, gosto de muitas delas, mas sou contra o que ela está fazendo com o terror, que está esquecendo da magia e da identidade que mestres como Hitchcock, Bava, Argento, Cronenberg, Carpenter, entre outros lutaram para construir, para se ver como o terror perdeu a força, tente citar o nome de um, UM mísero diretor de terror da nova geração que conseguiu se firmar entre os grandes... Não tem. Mas é bom ficar de olho neste camarada aqui: Jaume Collet-Serra.
Segue aqui uma pequena biografia do cidadão: Jaume Collet-Serra iniciou sua carreira dirigindo o segundo remake da Casa de cera, um filme agradável aos fãs do gênero e com uma cena memorável da socialite Paris Hilton sendo empalada por um cano de ferro ( =D ). Em sua segunda empreitada Serra dirigiu a sequência do filme Gol, um longa a lá Disney sobre futebol - apesar de ser apaixonado pelo esporte este filme é uma bela de uma merda, mas tudo bem - dois anos depois, Serra voltou ao terror com A órfã, filme o qual resenharei no próximo parágrafo.
Todo esse devaneio que escrevi acima serviu para mostrar a vocês que Serra resgatou um pouco (dadas as devidas proporções) da magia do terror com A órfã, a história é sobre um casal que adota uma menina que não é bem o anjinho que aparentava ser. É nessa premissa simples que Serra trabalha com maestria para instaurar um clima sombrio desde o primeiro minuto do longa, e o que ajuda muito nessa climatização é sua fotografia quase sem cor, a saturação baixa que deixa todas as cores apagadas ou foscas traz a quem assiste um clima sinistro e desesperançoso que se encaixa perfeitamente com o enredo. O desenrolar da trama segue num ritmo coordenado, usando a fórmula do bom e velho terror oitentista, é aquela coisa: um pouco da trama, uma morte, mais trama, mais morte, trama, morte, morte, morte, plot twist e fim.
Outro ponto que ajuda muito A órfã se destacar no terror atual é o nível da atuação, todos os atores são muito bons e muito bem dirigidos, a menina Esther interpretada por Isabelle Fuhrman é o capeta em forma de guria, sua malícia é passada com tamanha veracidade que coloco ela no hall das crianças mais diabólicas do cinema, Damien ganhou uma irmãzinha e tanto. Os pais interpretados por Vera Farmiga e Peter Sarsgaard, levam o elenco adulto do filme com muita propriedade e fazem uma química perfeita com a "adorável" Esther.
A trilha sonora é regada com sons bizonhos que acompanham os sustos e assim como a fotografia deixa tudo mais sinistro e sombrio.
O que pode incomodar alguns é que A órfã é regado de clichês, mas eu acho que até aí o filme acerta, ele possui muitas referências a grandes títulos do horror, pode-se notar uma clara homenagem a Halloween e Brinquedo Assassino, e como eu gosto de dizer o clichê se usado com sabedoria não é necessariamente uma coisa ruim, no terror é muito melhor ser uma cópia bem feita do que uma merda original.
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VINA

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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CORAÇÃO DE CAVALEIRO

A vida dele não pertence mais a esse corpo fétido.

Se você pensa em como seria um filme de cavaleiros medievais, esta é a película que mais se aproximaria do que sua mente imagina. O foco do filme são as justas, aquelas disputas clássicas que envolvem homens com armaduras clichês, em cima de cavalos e com uma pusta lança (ui) em punhos. Calma, tem mais, muito mais!!!! A trilha sonora assinada por Carter Burwell, faz parecer natural um rock and roll rolando no tempo da Távola Redonda. Orquestras? Confere. Queen? Confere. ACDC? Confere! Ca&*%$o maluco!!!  E tem mais, tem Heath Ledger, ainda galã teen na época mas de qualidade inegável (O Patriota, Batman, o Cavaleiro das Trevas), tem Paul Bettany, um bardo que já inspirou algumas partidas de RPG, e junto um cast muito forte, não em nome, mas muito inspirados para fazer um trabalho de primeira categoria. Exagero? Não. O filme te satisfaz! Tem muita aventura, tem drama familiar (leve), tem um pouco de romance para os mais sensíveis (ui), muita comédia e tudo isso em harmonia. Brian Helgeland mantem a linha durante o filme e demonstra que além de diretor muito competente, tem um domínio total sobre a história (que foi escrita por ele mesmo).
A idéia do filme não é retratar historicamente a "Idade média", e sim retratar um CONTO DE CAVALEIRO que seria a tradução literal do nome original do filme (Knight's Tale). Quer algo mais real, assista Cruzadas, mas não deixe de ver Coração de Cavaleiro. Vai ter muita canastrice, coisas absurdas, mas é muito bom. Diálogos ora que nos levam para o tempo dos castelos e ora parecem VJs descontrolados da MTV.
Não gosto de revelar muito sobre o filme, creio que passar o que sentimos quando o vemos é o nosso objetivo, e creio que já notaram o quanto gosto desse filme, mas vou reafirmar que além de gostar e recomendar, tecnicamente ele é ótimo também. Para todo tipo de público, de leitoras de Contigo e Ti-ti-ti (mesmo crendo que elas nem passam perto de nosso blog) à cultuadores do grande Tarantino, peguem seu elmo, chamem seu bardo e caiam na gandaia medieval.
Ainda em tempo, aqueles malditos cinéfilos que dão Kikitos para qualquer filme chique*, passem longe deste ou vocês podem achá-lo HOR-RÍ-VEL!
* Filmes que só os super cinéfilos que acham que "só é bom o que ninguém entende" gostam. Exemplos: Filmes Iranianos com títulos como A Maça, filmes nacionais com titulo de A Festa Da Menina Morta.
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OGRO MESTRE

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terça-feira, 16 de novembro de 2010

A FESTA DA MENINA MORTA

Mateus, não sabe brincar, não brinca.
Que me desculpem os pseudo-intelectuais e sofisticados de plantão, mas este filme é irritantemente chato, e o que o torna tão chato é sua obsessão por ser artístico.
Uma pequena vila do Amazonas celebra todos os anos a festa da menina morta, uma celebração onde fiéis se reunem para receber a benção de Santinho, um moço um tanto quanto afetado que incorpora o espírito de uma garotinha desaparecida que fala as revelações para o ano que virá. Esta premissa se arrasta de forma torturante durante suas quase duas horas de duração, não existe uma trama envolvente nem nada que cative o espectador, a momentos que temos a impressão de ver fragmentos de realidade e não um filme propriamente dito. A sensação que tive assistindo A festa da menina morta, é a mesma que ficar sentado na sala de espera de um consultório de dentista durante duas horas, observando as pessoas abrirem portas ou irem ao bebedouro, é esta realidade excitante que encontramos no longa, nem os momentos em que o filme tenta chocar o espectador o tiram do marasmo, na verdade seus momentos de choque são de gosto duvidoso e até desnecessários, não vejo poesia em assistir um porco morto sendo lavado durante cinco minutos, ou um jacaré estrebuchado boiando na beira de um rio, e muito menos em uma cena brokeback mountain entre pai e filho que já estava mais do que insinuada, e é de repugnância totalmente desnecessária.
A festa da menina morta marca a estréia do grande ator Mateus Nachtergaele na direção de um longa, e posso dizer que como diretor ele é realmente um ótimo ator. O longa é carregado por uma chaga de ator dirigindo filme, a importância dada as atuações acaba amarrando o desenrolar da história que se torna confusa, sonolenta e monótona. Mas para não dizer que tudo é ruim, as atuações são ótimas, Daniel Oliveira no papel de santinho é uma espécie de Cazuza canonizado, seu pai é interpretado por Jackson Antunes que sempre considerei um grande ator e neste filme ele faz o papel de porco em todos os sentidos da palavra, mas o destaque mesmo é o desconhecido Juliano Cazarré, este ator tem muito potencial e me admira não ter espaço no grande cinema brasileiro, é um enorme desperdício de talento.
A fotografia é bonita mas acaba pecando pelo exagero, sempre querendo tomar um ângulo artístico acaba parecendo mais um exercício de fotografia do que uma fotografia que ajude a já perdida narrativa.
Enfim, a festa da menina morta valeu para provar que um bom filme é uma mentira bem contada e não uma realidade inventada.
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VINA

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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

RESENHA DO LEITOR - A ÚLTIMA MÚSICA

A resenha do leitor do mês de Novembro, é novamente de nossa querida e mais assídua leitora Cris, que contribuiu amigávelmente com sua crítica. Portanto a crítica é dela, foices, ancinhos, tochas e calderões com óleo fervente devem ser apontados a ela, não a nós, os magestosos donos deste blog. Um breve adeus e Cris, a palavra é tua...
... só não vale se ofender. 


A ÚLTIMA MÚSICA


"As vezes é preciso se afastar das pessoas que você ama. Mas isso não quer dizer que você os ama menos. Ás vezes você os ama ainda mais."
Este Romance / Drama é mais um dos filmes baseados em livros do escritor Nicholas Sparks, que, acredito eu, dispensa maiores apresentações.
Em um roteiro suave e agradável como todo bom romance deveria ter, “A Última Música” vem com doses de lição de moral, compaixão, solidariedade e perdão na medida certa. Para quem (como eu) chora até em comercial de margarina, um aviso, preparem os lenços.
Ronnie (Miley Cyrus) e seu irmão Jonah (Bobby Coleman) são obrigados pela mãe a irem passar férias junto com o pai, Ronnie é a “a garota problema” desde a separação dos mesmos, abandonou os estudos, se mete constantemente em encrencas e presenteia a todos com muito mau humor. Até que ela conhece Will, o bom moço da cidade pequena, ou melhor, o perfeito príncipe encantado, estilo “bonito, rico e que me compreenda”, aí as coisas começam a mudar.
O filme trabalha muito bem e separadamente o romance adolescente entre Ronnie e Will e lida de forma emocionante com o drama familiar vivido. Ainda restando tempo para pregar o vegetarianismo, a preservação das tartarugas marinhas e a arte de se fazer um vitral de igreja.
Miley Cyrus se encaixou tão bem no papel de garota mal educada e mimada que passamos a ter a certeza de que não se tratava de uma representação, e sim dela mesma. Acredito que a personagem não seria tão insuportável se vivida por outra atriz. O estrago causado por Hannah Montana é compensado pelo irmão dela no filme, Bobby Coleman que mandou muito bem.
Não perca seu tempo querendo discutir se cada filme de romance é único, ou se são todos a mesma coisa, romance é para românticos, se você não gosta, não assista.
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CRIS

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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

UMA NOVA ESPERANÇA



LIBERDADE DE EXPRESSÃO PARA TODOS

Dedicaremos este paragráfo, a quem nos ajudou, atrapalhou, aturou, e acima de tudo aqueles que nos xingaram e discordaram e deram margem para a discussão, que é o principal objetivo deste blog...
depois de ganhar dinheiro é claro.

Ao Balaba the cagalhation man, ao Frodo o portador do skate aquático, ao General Lee e sua presença invisível, a Mel a desaparecida, a Cris a magoada por dentro,
ao Fino e a horda do dragões do sol negro, a jovem Tati que está descobrindo os verdadeiros prazeres do cinema, a Lorena e o post mágico do Totoro que só existe no mundo da Lorena, ao Lui grande amigo vagabundo e ex atendente de locadora, ao Reginaldo, a Envol video e seu catálogo horrível (Marney, Mamão e pai Osmar), a Marley por sua alegria e inspiração, ao Heitor de la Vega, ao seo Vito e suas influências nos filmes de bang-bang, ao manicômio share e suas infindáveis contribuíções, ao 3D, ao Narsa, ao Tony Balada, a piazada do boards, aos esquecidos...

Ao George Lucas, Steven Spielberg, Clint Eastwood, Francis Ford Coppola, Stanley Kubrick, Quentin Tarantino, Robert Rodriguez, Guy Ritchie, irmãos Coen, Paul Thomas Anderson, Kevin Smith, Robert Zemeckies, José Mojica Marins, Alfred Hitchcock, Mario Bava, David Fincher, Mel Gibson, Terry Gilliam e sua trupe, Mel Brooks, Wes Craven, Sam Raimi, Sylvester Stalone, Silvia Saint, Silvio Santos, Hayao Miyazaki, Walt Disney, Hergé, Tolkien, aos outros esquecidos (Shyamalan, você não foi esquecido) e especialmente para vocês, Peter Jackson e Tim Burton.